Nestes
tempos de rápidas e incertas mudanças, onde o homem dispõe de recursos da mais
alta tecnologia da informação, que os aproximam cada vez mais de longínquas localidades,
somam-se avanços científicos produzindo coisas maravilhosas que facilitam a
vida moderna e cura doenças que há pouco tempo atrás causava pânico; ao mesmo
tempo, pela contramão de tudo isso, flui forças que arrastam este mesmo homem a
aberrações terríveis os arremetendo a época das cavernas. Isto causa medo e afasta
cada vez mais do real valor da vida. O homem moderno é um homem que tem medo.
Medo do desconhecido que ele é, e medo do que ele poderá vir a ser.
O desenvolvimento
humano que anda a passos de cavalo, infelizmente não acompanha o tecnológico,
que voa a turbinas de foguete.
Este
homem, na ânsia de preencher seu vazio existencial, busca o poder. O poder do
dinheiro, da fama, do conhecimento, da beleza, da eterna juventude... Mas o poder
é transitório e lhe escapa entre os dedos, como uma ilusão criada em uma imagem
holográfica, onde ao se atingir aquele ponto nuclear de maior concentração da força,
cria-se outra ilusão de poder em sucessões infinitas. Passa-se a vida toda
correndo atrás do poder que lhe conferirá o pseudo domínio de tudo, sem se dar
conta do desconhecido que o habita. E assim vai acumulando coisas, se
empanturrando de vícios sem saciar a sede da insatisfação, tornando-se um voraz
consumidor de coisas da Terra. Ao assumir tal conduta, separa-se da rede das
relações que existe no habitat em que vive, como que se fosse uma parte isolada
do todo e não fizesse parte da teia da vida que a tudo e todos interliga. Esta
é a pior das ilusões! Assim pensando, ele come a Terra, ou seja, explora,
depreda, polui o meio ambiente como se este fosse sua propriedade. Não consegue
perceber que é preciso ser “um consumidor” racional.
No
ritmo que vão as coisas a passos largos, daqui a algum tempo, as matérias
primas das quais fabricamos os objetos e coisas se esgotarão. Não haverá
alimentos para todo mundo. Muitas de nossas bacias de águas já estão
contaminadas e muitas secaram. Imensas áreas de florestas já foram desmatadas e
são queimadas todos os dias. Muitas espécies de animais se extinguiram; e aqui
podemos incluir até as tribos indígenas do planeta todo, pois o homem também é
um animal, lembram-se disto? Este é um processo continuo que não para, está
acontecendo neste exato momento!
Paremos
um pouco e refletimos nas catástrofes ocorridas nestes últimos anos; até quando
fechar os olhos e fingir que não tem nada a ver com a exploração e degradação
ambiental? Catástrofes ambientais não são somente as que anunciam na TV como as
enchentes, tufões, furacões, terremotos, derretimento da calota polar, efeito
estufa etc e tal, mas também as diferenças sociais que tem produzido
milionários de um lado e famintos do outro. Quando comparamos um homem de um
país do primeiro mundo qualquer com outro esfomeado e doente em pele e osso da
África, o que vemos? São seres semelhantes ou dês-semelhantes? O homem, ou seja,
nós somos produtores de catástrofes. Roubamos e profanamos nosso verdadeiro lar,
negando nossa descendência com a natureza e pisando naquele que chamamos de
irmão para galgar um degrau a mais na escalada da vida... Isto tem nome,
chama-se ganância!
O
que estamos fazendo para melhorar tudo isto? Se não for dado o primeiro passo,
por cada um de nós, não dará mais tempo para alcançarmos um ponto de
equilíbrio. Precisamos fazer a dês-inversão dos valores que a publicidade nos
faz, ou seja, faz crer que a felicidade está no consumismo, no ter e nos afasta
do Ser. Precisamos nos resgatar do esquecimento de que somos parte integrante
de todos os ecossistemas e existimos todos juntos e não isolados; que fazemos
parte da mesma respiração do sopro da vida e que tudo que afeta você, também me
afeta e afeta a planta, o rio, o peixe, o animal... Paremos de nos isolar!
Mais
que nunca, precisamos fazer uso racional dos recursos naturais antes que seja
tarde demais. É preciso mais que nunca consumir somente o necessário, ou seja,
comer somente o necessário, beber somente o necessário, comprar somente o
necessário, por que o que está em jogo é a vida! A vida que vamos dar aos
nossos semelhantes do futuro!
Arlindo Cesar Bonassa
(Pos-graduando Educação Ambiental e Sustentabilidade – UNINTER)
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